Exposição Metamorfoses II

17.09.2024

 

“Fisicamente, habitamos um espaço, mas, sentimentalmente, somos habitados por uma memória.”

-José Saramago.

 

 

Memórias! Esse foi o tema da exposição Metamorfoses II, na qual tive a felicidade de participar pelo segundo ano consecutivo. Um projeto idealizado pela maravilhosa Katarzyna Chiluta e toda a equipe do Instituto Foto em Curso, com curadoria de Monique Andrade.

A visitação ocorreu dos dias 03 de agosto de 2024 a 01 de setembro de 2024 no Espaço Oscar Niemeyer em Brasília.

Este tema foi muito desafiador para mim. Tive que primeiro nomear a sensação que me permeava até aqui, aceitar e entender que essa sensação era, de fato, uma memória que me habitava — uma memória que eu havia concedido um espaço grande e alimentava sem perceber.

Construir as fotos para este projeto, apesar de visualmente simples, não foi fácil. Tive que escarafunchar minhas memórias, meus sentimentos e minha forma de estar no mundo, e isso não foi prazeroso.

Mas cá estou, feliz por poder expor minha fotografia mais uma vez ao lado de outros fotógrafos artistas neste projeto lindo!

 

Se perdendo, 2024

Um corpo feminino sentado sem cabeça, com movimentos entrelaçados e ocultando partes de si. Isso provoca estranheza pela ausência do que poderia expor sua identidade, trazendo à superfície os efeitos da memória e da sensação de não se sentir vista na sua inteireza e complexidade. Causa um emaranhado de dúvidas e inseguranças sobre a própria identidade. É se perder nos outros em busca daquele grande outro que não a viu.

 

Me encontrando, 2024

Um corpo feminino coberto por um fino tecido, com os braços abertos e mãos cobertas por luvas, e o rosto voltado para cima. Fazendo referência a uma força emergindo de dentro de si, na busca por sua própria identidade e por se perceber como um indivíduo com suas próprias vontades. O caminho de se encontrar e se mostrar é tão doloroso que o movimento do corpo também faz referência a uma espécie de súplica.

 

“Me vejam.

Eu queria ver a sombra do meu passado

Eu queria ver a minha infância

Eu queria escrever a minha história

Eu queria reescrever a minha história

Eu queria contar

E ser ouvida

E contar

E ser vista

E contar

E ser abraçada

E se ninguém me ouvir?

E se ninguém me ver?

Eu reescrevo então

Eu escrevo para mim mesma no silêncio

Eu fotografo a alma,

Para que me vejam além do que mostro

Me vejam.

Será que tem alguém aqui?”

 

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